31 de mar. de 2010

SEM NADA MAIS ÚTIL PRA FAZER, WADIH MUTRAN PROPÔS MUDANÇA NO NOME DO VIADUTO DO CHÁ. PARA NOSSA SORTE, ELE NÃO CONSEGUIU!

São Paulo lado A,B,C,D…

Viaduto do Chá, durante obras de reestruturação de seu leito para trânsito dos bondes elétricos, c. 1902. Crédito: Marc Ferrez  - site São Paulo 450 anos

Viaduto do Chá em 1902,  durante obras de reestruturação de seu leito para trânsito dos bondes elétricos

Impressiona o nível de complexidade, utilidade e criatividade de alguns projetos dos parlamentares paulistanos. O vereador Wadih Mutran (PP) – lembram daquele moço da máfia dos fiscais e amigão do Pitta? – é autor do Projeto de Lei 083/01, que pretendia mudar o nome do Viaduto do Chá para Viaduto Governador Mário Covas. O projeto votado hoje, internautas, foi publicado no Diário Oficial do Município do dia 10 de março de 2001!!!

A brilhante iniciativa de Mutran foi considerada inconstitucional porque ”os vereadores consideraram que o Viaduto do Chá faz parte da história da cidade, além de ser um ponto de referência de fácil localização”, informa o sFoto: RenattodSousa - Câmara Municipal de São Pauloite da Câmara Municipal de São Paulo

Para dar uma forcinha nessa iniciativa primorosa e imprescindível para nossa cidade, o apoio do vereador Agnaldo Timóteo (PR) como relator do projeto - que “votou pela constitucionalidade da alteração”… E este foi um dos 28 projetos analisados hoje pelos vereadores da Comissão de Constituição e Justiça. 

Participaram da reunião os seguintes vereadores: Ítalo Cardoso (PT), Ushitaro Kamia (DEM), Floriano Pesaro (PSDB), João Antonio (PT), Gabriel Chalita (PSB), Agnaldo Timóteo (PR) e Abou Anni.


__________________________________________
O Projeto de Lei nº 83/2001 de 08/03/2001
Vereador Wadih Mutran (PP), autor da proposta para mudar nome do Viaduto do Chá para Viadutor Governador Mario Covas. Foto do site oficial do vereador.

DISPÕE SOBRE A ALTERAÇÃO DA DENOMINAÇÃO DO VIADUTO DO
CHÁ E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Autor(es): WADIH MUTRAN
Fase da tramitação: Envio-> Área: PESQUISA Data: 02/06/2009 | Recebimento-> Área: JUST Data: 02/06/2009

Texto na íntegra:

PL : 083/01
Autor : WADIH MUTRAN
Sessão : 012-SO
D.O.M. de : 10/3/2001

Descrição :
"Dispõe sobre a alteração da denominação do Viaduto do Chá e dá outras providencias.
A CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, decreta:
Art. 1º - Fica alterada a denominação do Viaduto do Chá , localizado na região central da Cidade de São Paulo para "Viaduto Governador Mário Covas".
Art. 2º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 30 (trinta) dias contados a partir de sua publicação.
Art. 3º - As despesas com a execução desta Lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias suplementadas se necessário
Art. 4º- Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Sala das Sessões, Às Comissões competentes."

__________________________________________ Clique aqui e veja  Viaduto do Chá 360º
Um pouquinho de história…

Antigo Viaduto do Chá, c. 1923; ao fundo, o Teatro Municipal (à esquerda)e o Hotel Esplanada.

…do Viaduto do Chá (1892)

Até a primeira década do século XX, o senhor comendador, o barão de Itapetininga (depois da baronesa de Itu), tinha uma chácara no Vale do Anhangabaú, região conhecida como o Morro do Chá, onde se cultivavam hortaliças e chá.

Em 1877, o engenheiro francês Jules Martin apresentou um projeto para construir um viaduto de 180 metros de extensão sobre o Vale do Anhangabaú, para realizar a ligação entre a Rua Direita (o Centro Histórico) e a Rua Barão de Itapetininga, atravessando o Morro do Chá, cuja chácara estava sendo loteada. 31

Fontes: Site São Paulo 450 Anos e www.360cities.net

BERNINI E O BARROCO

Arte & Cultura Floh Murano. Foto: Enrico Castanha

Por Floh Murano*

De acordo com G. C. Argan, Bernini foi o herdeiro da hegemonia cultural que  no século XVI pertencera a Michelangelo.

Gianlorenzo Bernini nasceu em Nápoles em 1598, e na adolescência já mostrava habilidades extraordinárias para as artes. Antes de 1620, Bernini já se destacava como principal escultor em Roma e após a ascensão de Urbano VIII ao poder, ele praticamente dominou a política oficial das artes ligadas ao papado, exercendo poder e influência sobre as questões artísticas de toda a Itália.

Bernini aceitou as liberdades conseguidas pelo maneirismo, contestando as limitações renascentistas que, dentre muitas, estipulava regras severas em relação à forma e à unidade do bloco. Em seus trabalhos, abusava das linhas quebradas promovidas pelos ângulos salientes e, em caso de necessidade, utilizava mais de um bloco de mármore para a execução de seus trabalhos. Isto havia sido inadmissível até então. 

A arte barroca se formara em Roma como solução para os anseios religiosos e políticos que a Igreja assumiu após a fase conturbada da Contra-Reforma. Portanto, o Barroco foi o fenômeno romano que deu vida à imagem persuasiva, poder-se-ia dizer de “propaganda política” que serviu para reafirmar a ideologia católica. Tanto Bernini como os artistas de sua geração serviram como instrumentos políticos de manipulação das emoções e das crenças. Para isto, era preciso mudar o efeito artístico de uma obra em seu expectador, de forma que este fosse chamado à importância da cena retratada. Isto resultou em uma arte magnífica, opulenta, de forte efeito dramático, movimentada, ornamentada e que suplica ostensivamente o foco para si.

No entanto, não esqueçamos que o “girar em torno da estátua” tão característico do período barroco e de seu efeito pictórico, não era uma peculiaridade da obra de Bernini.  Na verdade, as suas obras foram concebidas para serem vistas como a cena de um teatro em seu ponto culminante. De acordo com os escritos de Wittkower sobre Bernini, somente se nos colocarmos numa posição correta (aquela projetada por Bernini) seremos capazes de captar, em toda a sua plenitude, a essência da figura e justificar a sua razão de ser. Além do mais, em um teatro, independenDetalhe arquitetônico da obra A Beata Ludovica Albertoni (1671-1674) de Gianlorenzo Bernini. San Francesco a Ripa, Romatemente da dramaticidade, dos efeitos de luz, e do apelo visual, o expectador não sai dando voltas em torno da cena representada. 

Bernini a cada dia mais se preocupava em orientar o expectador a olhar suas obras do ponto de vista correto e, para isso, utilizava artifícios de enquadramento que indicavam a perspectiva correta da contemplação. Tomemos com exemplo a Beata Ludovica Albertoni, representada em seus últimos instantes de vida. Nesta obra podemos observar que a seqüência de arcos conduz o olhar do expectador ao recesso do altar, e qualquer outro ponto de vista que não seja este comprometerá a integridade da observação da imagem².

Fig. 1 (acima) - Detalhe arquitetônico da obra A Beata Ludovica Albertoni (1671-1674) de Gianlorenzo Bernini. San Francesco a Ripa, Roma.

A Beata Ludovica Albertoni (1671-1674) de Gianlorenzo Bernini. San Francesco a Ripa, RomaFig. 2- A Beata Ludovica Albertoni (1671-1674) de Gianlorenzo Bernini. San Francesco a Ripa, Roma.
Em Beata Ludovica Bernini consegue, através dos efeitos da luz, amplificar a dramaticidade do momento e, devido à intensidade da composição, as cores inexistentes da estátua branca se formam dentro da mente do expectador. O efeito chiaro-scuro, os ziguezagues do panejamento e da própria postura do corpo apelam aos sentidos chamando-nos para dentro do êxtase dos últimos momentos antes da morte. Nesta obra, a combinação da arquitetura, da escultura, da luz e da cor resulta num efeito de pura cenografia.  

BIBLIOGRAFIA
ARGAN, Giulio Carlo. Imagem e Persuasão- ensaios Sobre o Barroco. São Paulo: Cia. Das  Letras, 2004.

BORSI, Franco. Bernini architetto. [S.l.]: Electa Mondadori, 1991.

FERRARI, Oreste. Bernini. [S.l.]: Art Dossier, N. 57, [S.d].

MURANO, Ana Flora G. Michelangelo e a Transição na Arte. Trabalho de conclusão de curso com Prof. Dr. Luciano Migliaccio, FAU – USP.

WITTKOWER, Rudolf. A Escultura. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

ZUFFI, Stefano. Il Cinquecento. Milano: Mondadori Electa, 2005.

Leia também:
O CONTROVERTIDO ESTILO LUIS XV
”OLYMPIA” – UMA DEUSA REPUGNANTE
FLOH MURANO ESTRÉIA CRÍTICA NA SEÇÃO ARTE & CULTURA

Floh Murano é arquiteta e historiadora da arte

29 de mar. de 2010

ACONTECE NA CÂMARA: AUDIÊNCIAS PÚBLICAS DAS COMISSÕES DE EDUCAÇÃO E SAÚDE


COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTES
Data: 31/3/2010
Hora: 13:00
Local: CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
Endereco: Viaduto Jacareí, 100 - 1º andar - Plenário 1º de Maio

PL 141/2008 - Autor(es): DONATO
Altera a lei nº 13.697, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a criação do programa de transporte escolar municipal gratuito - vai e volta, no município de são paulo, e dá outras providências.

PL 261/2009 - Autor(es): DONATO
Dispõe sobre a implantação do programa pró-criança, e dá outras providencias. (ref. à falta de vagas nas creches da rede municipal às crianças carentes não atendidas pela rede pública).

PL 743/2007 - Autor(es): DONATO
Determina que a municipalidade garanta atendimento em periodo integral a todos os alunos matriculados nas emeis.

COMISSÃO DE SAÚDE, PROMOÇÃO SOCIAL, TRABALHO E MULHER
Data: 7/4/2010
Hora: 10:00
Local: Câmara Municipal de São Paulo
Endereco: Viaduto Jacareí, 100 - Sala Sergio Vieira Melo – 1º Subsolo

PL 081/2010 - Autor(es): CELSO JATENE e GABRIEL CHALITA
Dispõe sobre aspectos relevantes para a política municipal de proteção da criança e do adolescente, em especial, sobre medidas de interesse no aperfeiçoamento da política de divulgação e localização de crianças e adolescentes desaparecidos e dá outras providências.

PL 392/2009 - Autor(es): NOEMI NONATO
Altera a lei 14.485, de 19 de julho de 2007, para nela incluir a semana do teste de avaliação ortopédica da coluna - teste do minuto -, a ser realizada, anualmente, na primeira semana do ano letivo, e dá outras providências.

PL 343/2009 - Autor(es): CLAUDINHO DE SOUZA
Dispõe sobre a divulgação de fotos de crianças e adolescentes desaparecidos no âmbito do município de Pão Paulo, e dá outras providências.

PL 330/2009 - Autor(es): TONINHO PAIVA
Altera a redação do artigo 1º da lei nº 13.945, de 07 de janeiro de 2005, de minha autoria, e dá outras providências. (manter desfibrilador em parques, velórios, cemitérios e escolas).

Fonte: Câmara Municipal SP

25 de mar. de 2010

DANÇA E LÍNGUA DE SINAIS NA GALERIA OLIDO

Cidadania, meio ambiente e inclusão

De hoje (25/03) até domingo (28/03), o grupo Quase9 Teatro apresenta na Galeria Olido a coreografia “Encontro de dois”, espetáculo que une dança contemporânea e Língua Brasileira de Sinais (Libras). O projeto surgiu a partir da experiência de dois integrantes do grupo com a Libras.

“Encontro de dois também sugere a idéia da aproximação entre dois universos: o dos surdos e o dos ouvintes”, explica Mariana Muniz, diretora e coreógrafa do Quase9 Teatro, em notícia divulgada pela Secretaria Municipal de Cultura. Para conceber “Encontro de dois”, a companhia conviveu com surdos para se “impregnar pela poesia e estética da língua de sinais, com aspectos marcadamente teatrais”.  

Encontro de dois
De 25 a 28/03 - Quinta a sábado - 20h. Domingo - 19h
Sala Paissandu (136 lugares) 
Galeria Olido - Avenida São João, 473 – Centro
Grátis (retirar ingresso com uma hora de antecedência)

Clique aqui para outras informações e assista trecho de “Encontro de dois” neste vídeo do YoutTube.

25/03 NA CÂMARA MUNICIPAL…

…audiência Pública vai debater a situação da população e da cidade atingidas pela chuva e enchentes. A discussão é nesta 5ª feira (25/03), às 10h00, no salão nobre Presidente João Brasil Vita – 8º andar.

09:00 – 22:00
Vereador Chico Macena (PT) participa da Assembléia com o Sindicato dos Trabalhadores no Sistema de Operação, Sinalização, Fiscalização, Manutenção, Planejamento Viário e Urbano do Estado de são Paulo (SINDVIÁRIOS), no auditório Freitas Nobre (Térreo – Externo)

10:00 – 13:30 
Jamil Murad (PC do B) participa de recepção da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça: Indenização das Famílias de Ângelo Arroyo e Maurício Grabois no mês de comemoração aos 88 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), no plenário 1º de Maio - 1º andar

14:00 – 19:00

Realização da Concorrência de n° 01/2009 que Trata da Contratação de Agência de Propaganda para a Prestação de Serviços de Comunicação, Publicidade e Marketing para a Câmara Municipal de São Paulo. Sala Tiradentes, 8º andar

Câmara Municipal de São Paulo 
Viaduto Jacarei, 100 – República (acesso pela Rua Maria Paula)

Fonte: Agenda – Câmara Municipal de São Paulo

24 de mar. de 2010

POR MOTIVO DE “SEGURANÇA”, BANCAS DE JORNAL PODEM SER RETIRADAS DO CENTRO

SOS São Paulo – A cidade em nossas mãos

Um levantamento feito pela área de segurança da Secretaria Municipal das Subprefeituras apontou que as bancas de jornal do centro têm sido utilizadas como esconderijo para bandidos e como “trampolim” para invasão de imóveis. Então, a solução encontrada pelo secretário Ronaldo Camargo foi determinar a transferência das bancas da Praça da República, Praça da Sé, Vale do Anhangabaú, Praça João Mendes, Largo São Francisco, Avenida Tiradentes e Avenida Cásper Líbero, por meio de um comunicado enBanca de jornal no Largo do Arouche. Foto: Flaviana Serafimviado a 84 jornaleiros em novembro passado.

As intimações não indicam os locais para onde as bancas devem ser transferidas. “Há urgência no tema. Realizamos audiência pública no dia 19 de março e convidamos o secretário, mas nem representante ele mandou. Ele ignorou o debate. Temo que ele só venha nos dar satisfação após a retirada das bancas do Centro”, afirmou o vereador José Américo (PT) em declaração destacada no site da Câmara Municipal.

O presidente do Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjorsp), Ricardo Carmo, mostrou fotos das bancas intimadas na audiência pública para provar que todas atendem às normas – não atrapalham as câmeras de segurança instaladas no Centro, não estão obstruindo a passagem de pedestres e ficam distantes da marquise de imóveis.

Na seção desta quarta-feira (24) na Câmara, os vereadores decidiram convocar o secretário Ronaldo Camargo para que ele explique essa decisão arbitrária.

A medida pode parecer absurda para alguns e correta para outros. Na verdade, ela segue a rotina de outros administradores públicos – no lugar de cortar o mal pela raiz, colocando segurança nas ruas e melhorando a iluminação da região central, por exemplo, o secretário das Subprefeituras optou pelo caminho mais fácil e mais curto, e que se danem os jornaleiros. Vão se acabar as bancas e a bandidagem também? Ronaldo Camargo devia ler mais jornal…

Acesse outras informações no site da Câmara Municipal:
Administração Pública convoca Secretário das Subprefeituras para esclarecer retirada das bancas do Centro
Bancas de Jornal causam insegurança?

Foto: Flaviana Serafim

22 de mar. de 2010

DIA MUNDIAL DA ÁGUA: CANADENSES CONSOMEM 600 LITROS/DIA; MOCAMBICANOS 5 LITROS/DIA

Cidadania, meio ambiente e inclusãoLagoa da Tijucana, em Lençóis, Chapada Diamantina. Foto: Gladstone Barreto
50 litros de água por dia são suficientes para atender às necessidades de uma pessoa, segundo a Organização Mundial da Saúde. Mas dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) destacados no blog do Planeta Sustentável mostram que muita água vai ralo abaixo – os canadenses gastam 600 litros de água/dia, seguidos pelos europeus com 575 litros/dia, e os australianos em terceiro, com 495 litros/dia por pessoa.

Enquanto o povo canadense gasta seus 600 litros de água diários, 1,1 bilhão de pessoas vivem sem água potável. É muita gente vivendo sem água limpa para beber, cozinhar, tomar banho, para garantir o plantio e a colheita, para subexistir… Nós brasileiros ocupamos o 12º lugar deste ranking, com 187 litros/dia.

Em último estão os moçambicanos, que consomem uma média de 5 litros/dia por pessoa, sofrendo com a falta de água e saneamento que assola vários países africanos. Portanto, o consumo de um cidadão do Canada equivale ao de 120 pessoas em Moçambique. Na África subssariana, o consumo máximo é de 20 litros por pessoa diariamente.

Arte: site Planeta Sustentável
Arte: site Planeta Sustentável (clique aqui para acessar gráfico ampliado em versão em PDF)
Foto da Lagoa da Tijucana (Chapada Diamantina – BA): Gladstone Barreto

9 de mar. de 2010

O CONTROVERTIDO ESTILO LUIS XV

Arte & Cultura

Por Floh Murano

Para uns delicado, hedonista, leve e gracioso; para outros superficial, leviano, frívolo e somente decorativo: O controvertido estilo Luis XV

Muitos dizem que o Rococó está para o Barroco assim como o Maneirismo está para o Renascimento. Nesta comparação poderíamos dizer que o primeiro surgiu “adocicando” ou suavizando o peso e o exagero do Barroco, enquanto que o segundo veio distorcer e levar às últimas conseqüências a seriedade, a precisão, a simetria, e a ordem da arte renascentista. Ambos podem ser entendidos também simplesmente como movimentos independentes.

O Rococó nasceu na França no início do séc. XVIII, coincidindo com o reinado de Luis XV. O termo “Rococó” deriva da palavra rocaille que se refere às conchas e seixos que faziam parte da decoração das fontes e grutas artificiais da época.

Na pintura, este estilo mais livre de arte não buscava mergulhar nas profundezas da alma e da ciência; tampouco seguia o peso das regras e tradições acadêmicas e morais. Ele se mantinha à superfície da realidade, abordando-a de forma alegre, sensual e charmosa.

O Rococó foi um estilo independente que, contrariamente a seu predecessor que retratava fundamentalmente questões de cunho religioso e produzia uma arte eminentemente aristocrática, visava retratar a frivolidade da corte e da alta burguesia que a rodeava, visando a superficialidade, a diversão, o bom gosto e o prazer.

Os elementos da pintura Rococó eram levemente amorais e eróticos; as cores eram claras: tons pastéis de azul, rosa, cinza e verde claro. Os temas eram pessoas jovens em seu frescor da juventude, nus femininos, cenas de nobres se divertindo nos palácios ou nos campos.

O Rococó durou somente algumas décadas, pois os ventos revolucionários colocaram um fim aos devaneios e frivolidades da corte, afundando qualquer resquício artístico que não tivesse alguma importância histórica. Os maiores expoentes do Rococó, além de Watteau, foram seus seguidores Jean-Baptiste Joseph Pater e Nicolas Lancret, mas os que conseguiram persistir foram François Boucher (1703-1770), e Jean-Honoré Fragonard (1732-1806).

clip_image002Fig. 1 - Madame de Pompadour, 1759. François Boucher. Óleo sobre tela (72,5 x 57 cm.). Victoria and Albert Museum. Londres, Inglaterra.

Madame de Pompadour foi uma figura muito importante para a França do séc. XVIII. Muito mais do que amante de Luis XV, ela assumiu o papel de mecenas das artes e adentrou a esfera política como conselheira e amiga real. Neste retrato, Boucher a representa repousando em um bosque, apoiada sobre livros, que aludem à sua intelectualidade. Seu vestido e sua pele rosados emanam a luz que clareia suavemente o entorno fazendo com que a personagem e o bosque se fundam em uma poética natural.

O Balanço Jovem brincando com cachorro Louise O'Murphy

Fig. 2 – O Balanço, 1767 – J.H. Fragonard, c.1767. Óleo sobre tela, Wallace Collection, London.
Fig. 3 - Jovem brincando com cachorro, J.H. Fragonard , 1765-72. Óleo sobre tela, Fondation Cailleux, Paris.
Fig. 4 - Louise O'Murphy (Girl Reclining), F. Boucher, 1751. Óleo sobre tela, Wallraf-Richartz Museum, Cologne

Nestas obras nos é possível verificar a representação das cenas frívolas do cotidiano dos desocupados, típicos do período Rococó: Devaneios, amor galante, alusões ao erotismo e cenas levianas e divertidas. Não há uma representação psicológica das personagens, só importa o ambiente e o que nele acontece.

Na decoração arquitetônica o Rococó se dava pela marchetaria elaborada, abundância de espelhos, curvas sinuosas, arabescos, floreados e fitas, sempre gerando um movimento rápido e bastante decorativo.

Cadeira em estilo rococo Espelho Chippendale em estilo Rococó Interior em estilo Rococó

Fig. 5 – Cadeira em estilo rococo Inglês, 1755, Mathias Lock
Fig. 6 – Espelho Chippendale em estilo Rococó, 1762
Fig. 7 – Interior em estilo Rococó. Kaisersaal, the Residenz.  Weisburg, Germany.  1719-1744

Referências Bibliográficas:
FRIEDLANDER, Walter. De David a Delacroix. Título original: David to Delacroix. Edições, 2001. Tradução: Luciano Vieira Machado. São Paulo: Cosac & Naify, [S.d].

GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Tradução: Álvaro Cabral.16ª Edição, [S.l]: LTC, [S.d].

LEVEY, Michael. Pintura e Escultura na França 1700 – 1789. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 1998.

MURANO, Ana Flora G. Uma Análise das Coroações de Jacques- Louis David e Jean- Baptiste Debret: O Modelo Neoclássico e sua re-significação no Brasil. Trabalho de conclusão de curso de pós-graduação em História da Arte – FAAP, 2007.

Webgrafia:
http://www.nationalgallery.org.uk/paintings/learn-about-art/paintings-in-depth/the-real-madame-de-pompadour acesso: 02/02/10

http://www.madamedepompadour.com/_eng_pomp/home.htm acesso: 02/02/10

4 de mar. de 2010

MULHERES, CERVEJAS E DEVASSAS

Reflexões urbanas

Por Flaviana Serafim

Bem loura. Bem devassa. Finalmente ela chegou, pegando os cervejeiros de plantão pelo colarinho. Da janela de seu apê (como que fazendo um show para os cariocas em Copacabana), Paris Hilton desfila, faz caras e bocas com latinha de cerveja na mão enquanto sua imagem é devassada pelo olho comprido do vizinho, do velhinho que joga dominó na calçada, pelas moças e rapazes que circulam na praia. Inocente, não? Então porque será que a propaganda, criada pela agência Modd para a Schincariol está gerando tanta polêmica?

De um lado, os bebedores de cerveja estão abismados, considerando essas críticas absurdas, falso puritanismo num país tropical, do carnaval e das mulatas seminuas. Do outro, mulheres revoltadas questionam o uso da imagem da fêmea fatal para vender cerveja.

Para além das imagens, que misturam tesão, cerveja e a bad blond girl Paris Hilton esfregando uma lata de cerveja pelo corpo, o nome “Devassa” é dos piores que algum marketeiro poderia escolher. Quem será esse gênio? Acredito que ficou pesado primeiro pelo nome, depois pela propaganda de mal gosto. Já que era pra devassar, deviam colocar a fofolete Paris Hilton de quatro no rótulo, oras!

No site oficial do produto, a Schincariol explica: “Uma cerveja que se autoproclama DEVASSA deve ser no mínimo autêntica. Porque assume tudo o que as outras gostariam de ser, mas tem vergonha”.  Tenta mudar o significado de devassar, afirmando que “Devassa é bem alegre, tem aquele astral que atrai coisas boas (…). Pedir uma Devassa tem a dose certa de segundas intenções”. Esse mote diz tudo sobre o que saiu da cabeça do infeliz publicitário botequeiro que criou essa peça. E finaliza: “Com Devassa, a vida fica bem gostosa”.

Eis as definições para devassar no dicionário Michaelis:

de.vas.sar
vtd 1 Invadir ou observar (aquilo que é defeso ou vedado): Devassar a casa do vizinho. vtd 2 Ter vista para dentro de: Nossa janela devassa os outros apartamentos. vtd 3 Descobrir, penetrar, esclarecer: "...o desejo nos levou a devassar os segredos dessas terras afastadas" (Gonçalves Dias). vtd 4 Olhar, contemplar: "Saíra, abriu os olhos e devas­sou a sombra com pavor" (Coelho Neto). vti 5 ant Fazer inquirição, devassa: Devassar da cumplicidade no crime. vtd e vpr 6 Prostituir(-se), tornar(-se) devasso: A miséria e a fome devassaram-na. Sem moral nem religião, devassou-se. vpr 7 Vulgarizar-se, generalizar-se: A moda devassou-se.

A polêmica propaganda foi “censurada” pelo Conselho de Autorregulação Publicitária (CONAR). É preciso destacar as aspas dessa “censura” porque a medida foi tomada por um órgão ligado ao próprio mercado publicitário, apesar dos defensores da campanha reclamarem da interferência do governo federal (uma queixa foi apresentada pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres).

Com moralismo barato ou justa autoregulamentação, a polêmica é ótima para trazer à tona dois debates ignorados pelos consumidores, marketeiros e pela mídia: 1. o quanto e como a imagem das mulheres é usada para vender qualquer coisa; 2. os limites do apelo para estimular o consumo de bebida álcoolica.

Para os devassos cervejeiros nada vai mudar. Na verdade, toda essa discussão tende a aumentar a exposição e as vendas da marca. E não acredito que esse fato isolado vai abrir os olhos femininos para que as mulheres deem conta do abuso a que estamos expostas, vendendo lixo ou carrões bacanas. Mas é um começo. Basta devassar outras propagandas e perceber que muda loura – ou a morena – mas as mulheres continuam lá, expostas como carne em vitrine de açougue.

Flaviana Serafim é jornalista e blogueira do São Paulo Urgente

1 de mar. de 2010

NEM MARCHA DA MACONHA, NEM MARCHA DO “ORÉGANO”

São Paulo lado A,B,C,D…

O Ministério Público de São Paulo  (MP-SP) suspendeu, por meio de mandado de segurança impetrado no Tribunal de Justiça, a realização da “Marcha da Maconha” prevista para o sábado (27/02) no vão livre do MASP. 

A liminar foi deferida pela desembargadora Maria Tereza do Amaral, que afirmou em sua decisão que “não se desconhece o direito constitucional à liberdade de expressão e reunião, que, à evidência não se está afrontando neste acaso, porquanto não se trata de um debate de idéias, mas de uma manifestação de uso público coletivo da maconha”, como informa nota no site do MP-SP.

No domingo, pouquíssimos manifestantes apareceram no vão livre do MASP para o protesto duplo e nem acederam o cigarro de orégano. Integrantes do movimento Marcha da Maconha em São Paulo  entregaram flores e leram seu manifesto contra a decisão judicial que proibiu a realização da marcha em São Paulo pelo terceiro ano consecutivo.

Os blogueiros do São Paulo Urgente não incentivam, de forma alguma, o uso da maconha. Porém, é nosso dever fomentar essa discussão. Será que proibir é o melhor caminho? Por que tapar o sol com a peneira e perder a oportunidade de levar esse debate a sério com os cidadãos?

Na quinta-feira (25/02), o jornalista Gilberto Dimenstein publicou na Folha on line um ótimo comentário sobre o assunto com o título “A maconha e Paris Hilton”. O criador da ONG Cidade Escola Aprendiz deixa claro que não fuma maconha, alerta para os perigos do uso da erva e afirma que  “a maconha não representa quase nada em perigo à saúde pública quando comparada à bebida, estimulada abertamente pela publicidade e, nesse caso da Devassa, apelando vulgarmente para o sexo, usando uma mulher vulgar. O que o Poder Judiciário deveria proibir, usando a lei, era esse tipo de propaganda”.

Concordamos com Dimenstein – é inquestionável que os efeitos do álcool, à venda em qualquer esquina de qualquer canto do país, é bem pior do que o “orégano de Jah!”. Isso sem contar a deplorável exploração da imagem feminina pra vender cerveja e outras bebidas. Abaixo o moralismo barato, faltou pouco pra colocarem uma mulher de quatro no rótulo da tal “Devassa”.

Em nota pública, o Coletivo Marcha da Maconha São Paulo afirma: "É inegável a deturpação da realidade e a indução ao erro a qual o sistema judiciário foi submetido. Em meio a tantas Arrudas, Pizzas e Panetones, torna-se desmedida a criminalização do Orégano”.

E para reafirmar um dos objetivos deste blog, que é fomentar a reflexão, publicamos a íntegra da nota do Ministério Público de São Paulo defendendo a proibição da Marcha da Maconha, e a a nota do Coletivo Marcha da Maconha São Paulo, defedendo a marcha. O conteúdos das notas não refletem, necessariamente, a opinião dos editores deste blog, ok?

A Marcha da Maconha teve data transferida para 23 de maio, às 14h00, na marquise do Parque do Ibirapuera.  

MP obtém liminar do TJ e suspende “Marcha da Maconha” em SP
O Ministério Público, por meio do Grupo de Repressão ao Tráfico de entorpecentes de São Paulo image (Gaerpa), obteve liminar em mandado de segurança impetrado junto ao Tribunal de Justiça e conseguiu suspender a “Marcha da Maconha”, que seria realizada na tarde deste sábado (28), no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Os promotores do Gaerpa argumentaram que os organizadores do evento conclamam, por meio de um site na internet, à prática de conduta ilícita, inclusive alardeando que “em ato simbólico, cada um acenderá seu cigarro de maconha”.

A liminar proibindo a realização da “Marcha da Maconha” foi deferida na tarde desta sexta-feira (26) pela desembargadora relatora Maria Tereza do Amaral. “Não se desconhece o direito constitucional à liberdade de expressão e reunião, que, à evidência não se está afrontando neste acaso, porquanto não se trata de um debate de idéias, mas de uma manifestação de uso público coletivo da maconha”, escreveu a desembargadora na decisão.

A desembargadora determinou que decisão da suspensão fosse comunicada com urgência às Polícias Civil e Militar, à Guarda Civil Metropolitana, à Prefeitura Municipal de São Paulo e à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

No ano passado, o Ministério Público também conseguiu suspender a realização da “Marcha da Maconha”, também por meio de mandado de segurança impetrado no Tribunal de Justiça, depois que o pedido foi negado pela juíza de primeira instância.

Leia a liminar.


Nota pública – Coletivo São Paulo

27/02/10

A presente nota tem por objetivos esclarecer as distinções entre a Marchamarchamaconha da Maconha e o Projeto Ghandia, bem como apresentar um posicionamento do Coletivo Marcha da Maconha São Paulo.

No dia 26 de Fevereiro de 2010, foi concedida liminar, no Tribunal de Justiça, por decisão da desembargadora Maria Tereza Amaral, que proíbe a realização do Projeto Ghandia, convocado para o dia 27 de Fevereiro, às 16:20, no vão do MASP. De acordo com a decisão “não se desconhece o direito constitucional à liberdade de expressão e reunião que (…) não se está afrontando nesse caso, portanto não se trata de um debate de idéias, mas de uma manifestação de uso público coletivo da maconha”.

A mídia tem veiculado informações sobre o Projeto Ghandia, que o vincula à Marcha da Maconha. É preciso que se esclareçam as distinções entre as propostas.

O coletivo Marcha da Maconha de São Paulo, organizado desde o ano de 2007, tem atuado estritamente na realização da Marcha da Maconha, evento que propõem o debate aberto sobre a regulamentação do uso, comércio e produção da Cannabis, não faz apologia, é pacífico e preza pelo respeito às leis. A Marcha da Maconha insere-se num contexto mundial, sendo realizada simultaneamente em centenas de cidades do mundo desde 1998. Em São Paulo o evento luta há dois anos no judiciário para obter o direito de se reunir e debater a lei de drogas.

O Projeto Ghandia, proposta legítima, que não tem ligação com a Marcha da Maconha, propõem à sociedade, de modo pacífico, “reunir cabeças pensantes que acreditem na mudança através de debates abertos, reuniões democráticas, instalações artísticas, saraus, e palestras (…) se reunir para discutir e se expressar sem medo de repressão. É mostrar que existimos, que não deixamos de fumar por ser proibido e que somos responsáveis, produtivos e conscientes” .

Estrategicamente partilhamos da visão de que é necessário desconstruir a moral em torno da maconha e das drogas em geral através do debate aberto, embasado na razão e de modo plural.

A Marcha da Maconha em São Paulo vem sendo realizada preservando o estado de Direto, prezando pelo não desrespeito às leis e acatando decisões judiciais. Não concordamos com a atual lei de drogas nem com a criminalização do debate sobre elas. Acreditamos também que existem vias legais, de debate e construção política, a serem explorados nos âmbitos institucionais.

A liminar concedida é fundamentada em informações imprecisas, que não refletem em nada os fatos. A inabilidade de apuração precisa dos fatos pode ter conduzido um erro interpretativo, induzido por uma lógica moralista que têm impedido o debate. A possibilidade de uma infração penal não pode sustentar a decisão proibitiva de reunião, cerceando assim o direito à livre expressão.

Impedir a realização de atos que reflitam sobre a moral vigente, a atual política de drogas, a violência, a Guerra aos Pobres, o Sistema de Saúde e o Sistema Penal, é impedir a sociedade de exercitar a cidadania e a reflexão coletiva sobre seus rumos. Qualquer assunto, seja ele qual for, não pode ser privado de reflexão, mais ainda quando às custas da liberdade e, em muitos casos, da integridade física do povo.

Acreditamos sim que é possível discutir abertamente a proibição da maconha e que é viável a coexistência com a diferença e com a divergência. De modo algum concordamos com a criminalização dos movimentos sociais e do debate. É inegável a deturpação da realidade e a indução ao erro a qual o sistema judiciário foi submetido. Em meio a tantas Arrudas, Pizzas e Panetones, torna-se desmedida a criminalização do Orégano.

Importante questionar a concepção colocada pela justiça brasileira, com relação a apologia ao crime. Em sendo o Projeto Gandhia entendido como apologético e em ficando claras as distinções das propostas, deve então ser revista a interpretação de que a Marcha da Maconha faz apologia ao uso de drogas. Fazemos sim, apologia ao debate, à reflexão sobre a vigente política sobre drogas.

Este ano a Marcha da Maconha será realizada no dia 23/05, na marquise do Parque do Ibirapuera, a partir das 14h.

Coletivo Marcha da Maconha São Paulo