Arte & Cultura
Por Floh Murano
Para uns delicado, hedonista, leve e gracioso; para outros superficial, leviano, frívolo e somente decorativo: O controvertido estilo Luis XV
Muitos dizem que o Rococó está para o Barroco assim como o Maneirismo está para o Renascimento. Nesta comparação poderíamos dizer que o primeiro surgiu “adocicando” ou suavizando o peso e o exagero do Barroco, enquanto que o segundo veio distorcer e levar às últimas conseqüências a seriedade, a precisão, a simetria, e a ordem da arte renascentista. Ambos podem ser entendidos também simplesmente como movimentos independentes.
O Rococó nasceu na França no início do séc. XVIII, coincidindo com o reinado de Luis XV. O termo “Rococó” deriva da palavra rocaille que se refere às conchas e seixos que faziam parte da decoração das fontes e grutas artificiais da época.
Na pintura, este estilo mais livre de arte não buscava mergulhar nas profundezas da alma e da ciência; tampouco seguia o peso das regras e tradições acadêmicas e morais. Ele se mantinha à superfície da realidade, abordando-a de forma alegre, sensual e charmosa.
O Rococó foi um estilo independente que, contrariamente a seu predecessor que retratava fundamentalmente questões de cunho religioso e produzia uma arte eminentemente aristocrática, visava retratar a frivolidade da corte e da alta burguesia que a rodeava, visando a superficialidade, a diversão, o bom gosto e o prazer.
Os elementos da pintura Rococó eram levemente amorais e eróticos; as cores eram claras: tons pastéis de azul, rosa, cinza e verde claro. Os temas eram pessoas jovens em seu frescor da juventude, nus femininos, cenas de nobres se divertindo nos palácios ou nos campos.
O Rococó durou somente algumas décadas, pois os ventos revolucionários colocaram um fim aos devaneios e frivolidades da corte, afundando qualquer resquício artístico que não tivesse alguma importância histórica. Os maiores expoentes do Rococó, além de Watteau, foram seus seguidores Jean-Baptiste Joseph Pater e Nicolas Lancret, mas os que conseguiram persistir foram François Boucher (1703-1770), e Jean-Honoré Fragonard (1732-1806).
Fig. 1 - Madame de Pompadour, 1759. François Boucher. Óleo sobre tela (72,5 x 57 cm.). Victoria and Albert Museum. Londres, Inglaterra.
Madame de Pompadour foi uma figura muito importante para a França do séc. XVIII. Muito mais do que amante de Luis XV, ela assumiu o papel de mecenas das artes e adentrou a esfera política como conselheira e amiga real. Neste retrato, Boucher a representa repousando em um bosque, apoiada sobre livros, que aludem à sua intelectualidade. Seu vestido e sua pele rosados emanam a luz que clareia suavemente o entorno fazendo com que a personagem e o bosque se fundam em uma poética natural.
Fig. 2 – O Balanço, 1767 – J.H. Fragonard, c.1767. Óleo sobre tela, Wallace Collection, London.
Fig. 3 - Jovem brincando com cachorro, J.H. Fragonard , 1765-72. Óleo sobre tela, Fondation Cailleux, Paris.
Fig. 4 - Louise O'Murphy (Girl Reclining), F. Boucher, 1751. Óleo sobre tela, Wallraf-Richartz Museum, Cologne
Nestas obras nos é possível verificar a representação das cenas frívolas do cotidiano dos desocupados, típicos do período Rococó: Devaneios, amor galante, alusões ao erotismo e cenas levianas e divertidas. Não há uma representação psicológica das personagens, só importa o ambiente e o que nele acontece.
Na decoração arquitetônica o Rococó se dava pela marchetaria elaborada, abundância de espelhos, curvas sinuosas, arabescos, floreados e fitas, sempre gerando um movimento rápido e bastante decorativo.
Fig. 5 – Cadeira em estilo rococo Inglês, 1755, Mathias Lock
Fig. 6 – Espelho Chippendale em estilo Rococó, 1762
Fig. 7 – Interior em estilo Rococó. Kaisersaal, the Residenz. Weisburg, Germany. 1719-1744
Referências Bibliográficas:
FRIEDLANDER, Walter. De David a Delacroix. Título original: David to Delacroix. Edições, 2001. Tradução: Luciano Vieira Machado. São Paulo: Cosac & Naify, [S.d].
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Tradução: Álvaro Cabral.16ª Edição, [S.l]: LTC, [S.d].
LEVEY, Michael. Pintura e Escultura na França 1700 – 1789. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 1998.
MURANO, Ana Flora G. Uma Análise das Coroações de Jacques- Louis David e Jean- Baptiste Debret: O Modelo Neoclássico e sua re-significação no Brasil. Trabalho de conclusão de curso de pós-graduação em História da Arte – FAAP, 2007.
Webgrafia:
http://www.nationalgallery.org.uk/paintings/learn-about-art/paintings-in-depth/the-real-madame-de-pompadour acesso: 02/02/10
http://www.madamedepompadour.com/_eng_pomp/home.htm acesso: 02/02/10
Bom, decorativo é, mas conta a historia de uma época, inclusive com belas "Fotos" Rs...
ResponderExcluirAh! Agora entendi "Fulano é cheio de rococò" Ah...
ResponderExcluirPior é que as pessoas falam do Rococó como se fosse uma coisa pesada...e na verdade foi o contrário! Ele tirou o peso do Barroco.
ResponderExcluirO rococó é d-e-c-o-r-a-d-o, isso sim...
Floh
Ei!!! Já li isto ai...Cade o resto!!!
ResponderExcluir