12 de jun. de 2009

ENQUANTO ISSO, NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO…

SOS São Paulo – A cidade em nossas mãos

"É inadmissível que uma manifestação pacífica de estudantes e funcionários tenha de se enfrentar com a polícia dentro do campus universitário. Os manifestantes podiam até ter objetivos criticáveis -ou não-, mas, desde a Academia de Platão até as universidades modernas, esse recinto é o único preservado da violência policial porque é definido como o local que luta contra a violência, contra a barbárie. É o local em que se produz conhecimento, especulações, ciência. O local que faz parte do repertório da humanidade para se humanizar. Então não é o lugar que comporte a ocupação policial contra uma manifestação de estudantes desarmados

Filósofa Olgária Mattos, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (entrevista publicada na Folha de S.Paulo, 12/06/2009 – caderno Cotidiano).

Charge de Carlos Latuff

Charge gentilmente cedida pelo cartunista Carlos Latuff



Muitos acreditam que ligarão para o 190 e receberão uma espécie de ‘polícia inglesa’ capaz de agir de maneira minimamente adequada diante de cidadãos que se manifestam.

Contudo, o que vimos até agora foi uma polícia que entrou pela primeira vez no campus armada com metralhadoras, quando a ação padrão deveria ser, nessas situações, agir desarmada. Quem tem uma metralhadora nas mãos imagina que porventura poderá usá-la. Mas contra quem? Contra nossos alunos? E quem decidirá o momento de usá-la?

Como se isso não bastasse, uma polícia bem preparada não responde a provocações de gritos e latas com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha usadas na frente da Escola de Aplicação e de uma faculdade em que, normalmente, há crianças e adolescentes. O que aconteceria se uma bala de borracha atingisse uma criança, ampliando um pouco mais o enorme contingente de balas perdidas disparadas pela polícia?

Antes de ligar para a Polícia Militar, valeria a pena levar em conta seu despreparo manifesto em intervenções em conflitos sociais, histórico catastrófico mundialmente criticado por órgãos internacionais
”.

Professor Vladimir Saflate, do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (Artigo “A universidade não é caso de polícia” – Folha de S.Paulo, 12/06/2009 – seção Tendências/Debates)

Charge de Carlos Latuff

Charge gentilmente cedida pelo cartunista Carlos Latuff


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