Povos de São Paulo, tribos do mundo
Que tal conhecer a história de São Paulo contada por seus mortos, enterrados no Cemitério da Consolação? Horripilante, pavoroso, medonho e nada a ver pra muita gente.
Interessantíssimo para góticos, malucos ou simplesmente interessados em arte e história de São Paulo. Deixe seus preconceitos de lado. Vale a pena ver o livreto “História da arte no Cemitério da Consolação”, do sociólogo e pesquisador José de Souza Martins. Ele conta como surgiu o primeiro cemitério público da cidade, inaugurado em 15 de agosto de 1858.
Até 150 anos atrás, as igrejas eram o depósito de nossos mortos, que inebriavam as missas com seus odores putrefatos e transmitam doenças (não por acaso, a inauguração do cemitério foi precedida por uma epidemia de varíola na capital).
A morbidez aqui é por nossa conta porque a proposta do autor é focar a história dos mortos e da cidade, com um roteiro de visitação pelos túmulos de figuras como o conde Francisco Matarazzo de Oswald Andrade, Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Monteiro Lobato, e Líbero Badaró, ou políticos como Ademar de Barros, Campos Sales e Abreu Sodré.
Você sabia que a capela do Cemitério da Consolação foi construída graças à generosa doação da senhora Maria Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), popularmente conhecida como Marquesa de Santos?
Sim, a sofrida amante de Dom Pedro I também foi precursora dos saraus “para encontro social e entretenimento de jovens de ambos os sexos”.Quem diria, a Marquesa de Santos é a tataravó das baladas paulistanas!
Graças aos saraus da Marquesa de Santos “e sob sua vigilância e das famílias, as moças tinham a oportunidade de conhecer os jovens estudantes da Faculdade de Direito, vindos de vários pontos do Brasil, por sua vez confinados nas repúblicas estudantis, barbarizados na gandaia da vida boêmia, longe dos pais". E mais, como conta Martins:
"Sua iniciativa ampliava e diversificava a oportunidade de encontro civilizado entre futuros noivos e cônjuges. Uma verdadeira revolução na condição feminina e uma mudança de costumes sociais por meio das reuniões lítero-musicais e da verdadeira ressocialização para outra concepção da vida privada e do lugar da mulher na sociedade”.
Última curiosidade: na quadra 13, terrenos 21/22, é possível visitar o mausoléu da Sociedade Beneficente dos Chapeleiros, com operários da Fábrica de Chapéus João Adolfo. Para visitar a Marquesa de Santos, siga pela rua 1, terreno 3; ou para a rua 7, terreno 56 se preferir o mausoléu ex-governador Ademar de Barros.
Leia mais em "História da arte no Cemitério da Consolação" (arquivo PDF) ou no Guia de Visitação
Esquerda: obra de Victor Brecheret. Foto: Sylvia Massini, do livro "História da arte no Cemitério da Consolação". Na direita: cama da Marquesa de Santos (criada por Louis-Alexandre Bellangé, em 1827, está no acervo do Museu Paulista-USP. Foto de Reiche Bujardão, 1996.)
Texto: Flaviana Serafim e Gladstone Barreto
6 de fev. de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
A gente tem, e' so querer e incutir.
ResponderExcluirUma amiga e' executiva da Yamaha Pianos no Brasil e recebeu uns caras fodoes da matriz japa.
Sabe onde eles queriam ir na 1a folga?
No tumulo do Senna.
Coisas ma-ra-vi-lho-sas (???) tipo o Pere Lachaise, em Paris. Jim Morrison, Victor Hugo, Allan KArdec, tudo mundo no mesmo lugar.
Sinistro. O cemiterio ja tinha fechado e a xenofobia a la francaise nos fez sair pela ala separada dos semitas.