SOS São Paulo – A cidade em nossas mãos
Visto por alguns como única solução para as catastróficas enchentes, piscinões custam caro, trazem mais feiúra ao caos urbano e não cortam o mal das inundações pela raiz
Um dos milhares problemas do crescimento rápido e desornado da nossa cidade são as constantes enchentes. Verões vão e vem, e tudo se repete: inundação das casas, avenidas, gente arrastada pela correnteza e uma desgraceira cruel, que dispensa maiores detalhes (acesse notas e fotos neste blog em SOB SOL E CHUVA, A VIDA DE QUEM ESTÁ EM SP; SP EMBAIXO D’ÁGUA e 18h55 – 201 KM DE CONGESTIONAMENTO EM SP)
Eis que surgiram os “reservatórios de águas pluviais”, mais conhecidos como “piscinões”, encravados ao longo dos rios da região metropolitana e da capital, na tentativa de dar fim às enchentes. Sempre nas periferias, num cenário abandonado, sem planejamento e feioso por si só, a construção dos piscinões virou mais uma peça do caos urbano. Estão longe de representar qualidade de vida para a população.
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Piscinão Eliseu de Almeida dá “boas vindas” a quem chega em Taboão da Serra
Vejam as fotos que registramos no piscinão Eliseu de Almeida-Taboão da Serra, no trecho do Córrego Pirajuçara que fica na divisa com a cidade de São Paulo.
Este piscinão e seu eterno mal cheiro dão boas vindas a quem sai da capital e entra no município de Taboão da Serra. Percebam que 99% da área próxima está ocupada, com concreto para todo o lado e nada de terra livre, pronta para absorver a água das chuvas. A ocupação do solo no entorno foi completamente ignorada.
Antes desse piscinão, na década de 80, as construções avançavam pra dentro do Córrego Pirajuçara. Bastava uma chuva nem muito forte para que o rio subisse e arrastasse tudo impiedosamente. No meio da década de 90, com Paulo Maluf à frente da prefeitura paulistana, foi assinado acordo entre os dois municípios para “acabar com as e nchentes” na região.
A obra foi finalmente entregue só em outubro de 2004, construída numa parceria entre o governo estadual, o Ministério de Integração Nacional do governo federal e a prefeitura de São Paulo.
A diferença entre hoje e 20 anos atrás é que os casebres que avançavam dentro do Pirajuçara deram lugar a um enorme hipermercado, que forçou a canalização de um trecho do rio. Condomínios e imóveis residenciais, um hospital, lojas e a feira livre do domingo se espremem ao redor do piscinão em 2009.
Adiante, o reservatório segura parte das inundações. Mas quando vem chuva forte mesmo, nem o feioso piscinão impede a enchente e também transborda, arrastando seu “conteúdo” pela cidade…
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Texto/fotos: Flaviana Serafim/Gladstone Barreto
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