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"Representa o passado, o presente e o futuro do circo". Com esta frase, Roger Avanzi, de 87 anos, definiu a importância da abertura do Centro de Memória do Circo, em evento realizado na segunda-feira (16/11), na Galeria Olido. Roger é filho de Nerino Avanzi, nacionalmente conhecido - e muito - como o palhaço Picolino, do Circo Nerino.
Nerino criou Picolino em 1913, ano de fundação do circo-teatro que percorreu o país inteiro por 52 anos. Em 1954, Roger assumiu o lugar de seu pai, dando continuidade às palhaçadas de uma personagem histórica do circo brasileiro. Em 13 de setembro de 1964, o Circo Nerino subiu sua lona pela última vez, fazendo o derradeiro espetáculo na cidade de Cruzeiro (SP).
Fotos, roupas, sapatos e cartazes do Circo Nerino integram o acervo do centro de memória inaugurado pela Secretaria Municipal de Cultura. Além de registrar e divulgar a memória oral do circo, o espaço também realizará pesquisas, exposições, palestras, oficinas e cursos.
A curadora e coordenadora do centro, Verônica Tamaoki, salientou o apoio da prefeitura para tornar público o arquivo sobre a memória do circo. Verônica é pesquisadora e autora de " O Fantasma do Circo" e "Circo Nerino", este em parceria com Roger Avanzi.
O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, comentou que faltava um ponto que representasse a memória das artes circenses. "É o primeiro passo para valorização do circo que, espero, continue nesta administração e em outras ações", afirmou. Calil também destacou o circo como arte primordial, anterior ao teatro e ao cinema, e a inocência dos artistas e dos espetáculos.
Nesta semana, o centro de memória promove série de debates sobre o circo. Confira a programação.
Ainda faltam espaço e apoio para o circo brasileiro
Em entrevista ao blog São Paulo Urgente, Roger Avanzi queixou-se da ausência de espaços públicos para montagem do circo no Brasil, e também da falta de apoio do governo. "Não tem lugares para montar o circo na cidade de São Paulo. Tem que ir para a periferia ou para o interior. Em vários países há espaço e apoio. Circo é circo, e o governo esqueceu do circo".
Para Bel Toledo, presidente da Cooperativa Paulista de Circo, o centro de memória "é um marco no reconhecimento do circo", mas considera que a iniciativa deve ser acompanhada de outras políticas públicas. "Precisamos de mais terrenos, mais escolas, mais espaços de formação", avalia.
Anhangabaú e Largo Paissandu recebem
1º Festival Municipal do Circo
Até 22 de novembro (domingo) o Vale do Anhangabaú e o Largo do Paissandu viram palco para malabaristas, palhaços, trapezistas e acrobatas participantes do 1º Festival Municipal do Circo.
No Anhangabaú, as apresentações acontecem às 10h00, 12h00, 14h00 e às 18h00. No Largo do Paissandu, sempre ao meio dia e às 18h00. A programação é gratuita
Paissandu, o ponto de encontro do circo
Era na região central que artistas e empresários do circo se encontravam. Primeiro, no Largo do Rosário, atualmente Praça Antonio Prado, e, depois, no Café dos Artistas, no Largo do Paissandu.
Na década de 20, as temporadas circenses dos Irmãos Queirolo e Alcebíades & Seyssel fizeram do Paissandu o ponto de encontro dos artistas, empresários e, claro, do público do circo.
Abelardo Pinto, o Piolin (1897-1973), era um dos preferidos do público e muito conhecido por suas palhaçadas. Piolin era admirado até pelos intelectuais modernistas da época. A data de nascimento de um dos mais famosos palhaços da cidade, o dia 27 de março, deu origem ao Dia do Circo, criado em 1972.
E o incentivo à cultura?
A inauguração do Centro de Memória do Circo é representativa, mas insuficiente para resgatar a importância das artes circenses. Além da falta de terrenos para que as tendas coloridas ocupem São Paulo e outras cidades do país, o circo brasileiro precisa de apoio financeiro. De patrocínio mesmo.
Sem marmelada, os tais incentivos fiscais de apoio à cultura continuam privilegiando outras artes, marginalizando o circo. Ou vão para o riquíssimo - e caríssimo - Cirque de Soleil, que recebeu patrocínio de mais de R$ 7 milhões do banco Bradesco, na temporada brasileira de 2006. Piada? Das piores... Na época, o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, classificou o caso como "distorção". Gil saiu do ministério, entrou Juca Ferreira, mas as distorções continuam.
Centro de Memória do Circo – CMC
Avenida São João, 473 – Galeria Olido – Centro paulistano
Telefone: (11) 3397-0177 / 0199
E-mail: memoriadocirco@prefeitura.sp.gov.br
Site: www.patromoniohistorico.sp.gov.br
Funcionamento:
Espaço expositivo: terça a domgino, das 10h00 às 20h00
CMC: segunda a sexta, das 14h00 às 18h00
Pesquisa de acervo (apenas com horário marcado)
Saiba mais:
CENTRO DE MEMÓRIA DO CIRCO É INAUGURADO NA GALERIA OLIDO
Por Flaviana Serafim e Gladstone Barreto – Imagens do acervo do Centro da Memória do Circo
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