Cidadania, inclusão e meio ambiente
“Labrador, guia de cego, vai pro CCZ caso não encontre outro dono. O seu, morreu. Tristeza!”. Este é o título de uma notícia curiosa publicada no site Vira Lata SP, em 13 de novembro. Descobrimos essa informação por acaso no Twitter de Julie Nakayama, publicitária e cadeirante que trabalha como “guardiã da Paulista”.
Antes de divulgar a notícia no blog, fizemos contato para conferir se o pobre cão sem dono já tinha sido adotado e, claro, poucos dias depois, o cãozinho encontrou um novo lar. Ainda bem!
Mas imaginem quantas pessoas cegas existem por aí, vivendo como presas e sem condições de mobilidade por não ter um cão-guia? O Brasil tem mais de 11 milhões de pessoas com deficiência visual, segundo levantamento do Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em São Paulo, essa enorme exclusão pode começar a mudar. Hoje, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), assinam o convênio que criará o Centro de Estudos do Cão Guia e do Centro de Treinamento de Cães Guias. Ao que parece, trata-se da primeira ação do governo paulista que pode facilitar e ampliar o acesso ao cão guia.
Durante o treinamento, que pode levar até um ano e meio, acontece a socialização do cão para que se acostume com diferentes ambientes e possa conduzir seu dono por ruas agitadas, estações do metrô, ônibus, escadas rolantes, elevadores, entre outros. E esses cães tem que ser capazes de fazer tudo isso sem se distrais, com calma e amabilidade.
Atualmente, quem procura um cão guia depende de poucas iniciativas, mantidas por organizações não governamentais como o Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (IRIS). A ONG, que mantém o Projeto Cão Guia, é a única do Brasil a realizar treinamento reconhecido pela International Guide Dog Federation, da Inglaterra.
O labrador, o pastor alemão e o gold retriever são as raças mais comuns treinadas como cão-guia no Brasil. Dóceis e com grande capacidade de adaptação, esses cães são mesmo especiais. Sobre o labrador, somos suspeitos para comentar porque já tivemos um, a fêmea Pipoca. Ela brincava o tempo todo com nosso gato preto, e mesmo sofrendo arranhões e mordidas do gatinho, era incapaz de reagir com agressividade. Infelizmente, ela morreu, mas quando pudermos ter outro cão, será um labrador, com certeza.
Saiba mais:
História dos cães-guia
Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (IRIS)
Guide Dogs for the Blind
International Guide Dog Federation
International Association of Assistance Dog Partners (IAADP)
Por Flaviana Serafim e Gladstone Barreto. Fotos do IRIS e International Guide Dog Federation
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