7 de dez. de 2009

LATINO-AMERICANOS ‘SÃO OS MAIS PREOCUPADOS COM AQUECIMENTO’, DIZ PESQUISA DA BBC

Especial Aquecimento Global

Notícia da BBC Brasil

Para analista da BBC, resultados de pesquisa estão 'em linha' com outras

Os latino-americanos se disseram os mais preocupados com o aquecimento global, em uma pesquisa da BBC realizada com 24 mil pessoas em 23 países.

No levantamento, feito pela empresa GlobeScan, 86% dos chilenos e brasileiros disseram considerar a mudança climática “um problema muito sério”.

A diferença é que, enquanto 2% dos brasileiros consideram que este não é ‘em absoluto um problema sério’, essa resposta não chegou a pontuar entre os chilenos.

Na região, costarriquenhos (83%) e mexicanos (81%) deram sequência à lista. Fora da América Latina, este nível de preocupação só foi demonstrado nas Filipinas (83%) e na Turquia (81%).

Já nos dois países que lideram o ranking das emissões de gases que causam o efeito estufa, China e Estados Unidos, a seriedade do problema foi considerada menor.

Na China, 57% dos entrevistados disseram que a mudança climática é ‘um problema muito sério’, e essa resposta foi a escolha de apenas 45% dos americanos.

Os EUA são também o país onde mais entrevistados consideram que as mudanças do clima “não são em absoluto um problema sério” – 12%.

Sacrifícios

Mais preocupados
Chile - 86%
Brasil - 86%
Costa Rica - 83%
Filipinas - 83%
México - 81%
Turquia - 81%
China - 57%
EUA - 45%
Fonte: Pesquisa GlobeScan/BBC

A pesquisa é divulgada no dia em que começa, em Copenhague, uma conferência da ONU que ambiciona avançar em direção a um acordo para substituir o Protocolo de Kyoto, de redução de emissões de gases que causam o efeito estufa. O acordo expira em 2012.

Sobre as estratégias a serem seguidas pelos chefes de Estado na conferência, a pesquisa apontou que 53% dos brasileiros querem que o país adote um papel de liderança para combater o problema o mais rápido possível – mas 12% dos brasileiros acham que o país não deve concordar com nenhum acordo internacional.

O percentual dos que se opõem a um acordo no Brasil, que se assemelha a níveis paquistaneses, só fica atrás da oposição nos EUA, onde 14% dos americanos se opõem a um acordo e 46% acham que o país deve assumir um papel de liderança.

O apoio é muito mais claro na Grã-Bretanha (62%), Canadá e Quênia (61%), França, Japão e Austrália (todos 57%).

A pesquisa também quis medir o apoio da opinião pública a iniciativas de combater a mudança climática, ainda que isso tenha um custo econômico.

Nesse quesito, os chineses se destacaram: 89% consideram que seu país deve fazer investimentos para combater a mudança climática, ainda que isso tenha um custo para a economia do país.

Oposição a acordo
EUA - 14%
Paquistão - 12%
Brasil - 12%
Alemanha - 1%
Itália - 2%
França - 2%
Chile - 2%
Fonte: Pesquisa GlobeScan/BBC

No Quênia (77%), na França (75%), no México (71%) e na Grã-Bretanha (70%) o apoio também foi alto. Esse nível de apoio caiu no Brasil (62%) e, nos Estados Unidos (52%), dividiu as opiniões quase ao meio.

Opinião e ação
Para o analista de América Latina da BBC, James Painter, ‘os resultados desta pesquisa estão em linha com os resultados de outras pesquisas recentes’.

Ele lembrou que o Brasil sempre ocupa um lugar elevado em relação à preocupação do clima, e que o México também sempre demonstrou disposição em agir para combater a mudança climática.

‘Entretanto, uma coisa é que as pessoas expressem que isto ocorra. O que não sabemos é quantos estariam preparados para fazê-lo se isto fosse afetar os seus bolsos’, disse Painter.

Para o analista, o alto grau de conscientização latino-americano em relação à mudança climática pode ser explicado pelo destaque que o tema ganhou na imprensa regional, a forte presença de organismos e organizações ambientais nestes países, a ênfase que os governos colocam em políticas ambientais e os fenômenos climáticos – como secas e cheias fora de época – que aproximaram o problema dos latino-americanos.

Apoio a medidas custosas
China - 89%
Quênia - 77%
França - 75%
México - 71%
Grã-Bretanha - 70%
Austrália - 70%
Brasil - 62%
EUA - 52%

‘Entretanto, é preciso destacar que existem variações significativas entre os países latinoamericanos’, afirmou James Painter.

‘Não surpreende que a Costa Rica – que está na vanguarda das políticas verdes – manifeste um alto grau de preocupação. Mas se a pesquisa tivesse incluído o Peru, a Bolívia, o Paraguai ou o Equador, o índice de consciência ou preocupação com o tema poderia ter sido menor.’

As entrevistas da pesquisa foram feitas entre os dias 19 de junho e 13 de outubro. Entre os brasileiros, o levantamento ouviu 835 pessoas entre 2 e 14 de julho em oito capitais de Estado”.

Notícia publicada no site da BBC Brasil - http://www.bbc.co.uk/portuguese/

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