24 de fev. de 2010

QUANDO O SINAL VERDE SE ABRIRÁ NA CET?

SOS São Paulo – A cidade em nossas mãos

“Sinal vermelho” é destaque na Veja SP da semana

Clique para acessar a reportagem no site da Veja SP A reportagem de capa da Veja SP desta semana destaca o “Sinal vermelho na CET”. O subtítulo,  na matéria de Henrique Skujis, afirma: “CET: a verba aumenta e os problemas com o trânsito continuam”. A novidade é, claro, o tal aumento de verba. Problemas que continuam nunca serão novidade na Companhia de Engenharia de Tráfego.

Trabalhei na assessoria de imprensa da CET entre 1995 e 2002. Notícia boa ali nunca existiu, nem dentro da companhia, nem para os cidadãos que fomentam um dos assuntos mais tediosos e recorrentes na cidade – o horrível e caótico trânsito paulistano.

Apesar dos milhões de reais arrecadados com a aplicação das multas de trânsito, toda a dinheirama seguia para o orçamento geral da prefeitura e só depois voltava – com verba insuficiente – ao caixa da CET. Em 2008, isso mudou com a criação do Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT), aumentando o orçamento da companhia.

Porém, o aumento de verba – para R$ 600 milhões em 2010 (aumento de 60% em relação ao valor de cinco anos atrás) – não está refletindo na melhoria do trânsito. Como sempre, a CET continua sucateada. Internamente, centenas de burocracias, funcionários desmotivados, sem plano de carreira e levando suas atividades bem ao ritmo do funcionalismo burrocrata. Nas ruas, nem precisamos comentar. Aonde está a tal engenharia de tráfego? Talvez perdida em algum dos muitos formulários que circulam na CET.

Foto: Gladstone Barreto image

Há anos não existem campanhas educativas, antes desenvolvidas no Centro de Educação de Trânsito da CET (CETET – que nem sei se existe mais). A sinalização das vias públicas está abandonada e a manutenção também.

Semáforos inteligentes estão às moscas, radares ficam quebrados e nunca mais vi um daqueles guinchos que levavam carros estacionados irregularmente. O trabalho preventivo e a orientação do trânsito, aliados às medidas operacionais e educativas, continuam abandonados. 

Tristes números multiplicam trânsito caótico
Vejam os dados da CET publicados pela Veja SP:
- De 2006 para 2009, a velocidade média dos carros caiu de 29 para 15 km/hora no pico da tarde
- 39% da frota de 628 viaturas da companhia estavam parados à espera de manutenção e, entre os dias 7 e 11 de dezembro de 2009, a CET gastou R$ 140 mil para bancar o conserto em oficinas terceirizadas
- Dos 1 457 cruzamentos com semáforos inteligentes, só 15% (225) estão funcionando. Outros estão totalmente parados (18%) ou funcionando parcialmente (67%)
- Dos 506 radares, 86% funcionam e 14% não funcionam
- Das 302 câmeras de monitoramento, 55% funcionam e 39% não funcionam. Outras 6% funcionam parcialmente.

Problema velho sem solução nova
Foto: Gladstone Barreto Até o final da década de 90, por mais simples que fosse, uma simples pintura de solo impelida o motorista a não avançar e fechar o cruzamento. Havia campanha educativa na porta das escolas, travessias orientadas e viamos os agentes da CET nas ruas fazendo mais do que multar. E naquela época o orçamento era curtíssimo, se comparado aos R$ 600 milhões atuais.

Durante a gestão Marta Suplicy, com Chico Macena na presidencia da companhia e Carlos Zarattini na Secretaria Municipal de Transportes, havia estudos, projetos, campanhas. Nem tudo estava próximo da realidade e algumas iniciativas se perdiam nas clássicas reuniões técnicas encabeçadas pelos petistas. Apesar disso, havia o mínimo de ação dentro da empresa. Hoje, a CET é morta…

Quando assumiu o cargo de presidente da CET, Alexandre Morais foi bem recebido pela mídia e encheram a bola do moço. Mas pra nós ele ainda não mostrou ao que veio.

Faz tempo que não mantenho contato com os amigos com quem trabalhei, mas suponho que, além das burrocracias e questões políticas idiotas, os ótimos engenheiros da CET não tem oportunidade de desenvolver o óbvio – engenharia de tráfego. Sim! Acreditem, a CET tem ótimos profissionais, funcionários de carreira pioneiros nesse segmento, mas que se perdem no constante troca-troca de chefias, nas incertezas sobre seus cargos, na desvalorização de seu trabalho. Eles mandam, mas não apitam nada, resumindo.

O sucateamento da CET é um problema velho, mas uma solução nova, à altura das necessidades do trânsito paulistano, parece que não virá nem com R$ 600 milhões…. A questão qu envole a CET é de “capital humano” como dizem os consultores de recursos humanos. A empresa precisa é recuperar sua função principal: a engenharia de tráfego. Quando os funcionários forem valorizados e a administração for estritamente for profissional – não mais política – talvez algumas coisas mudem, e o sinal verde se abra na CET.  

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Por Flaviana Serafim e Gladstone Barreto – Fotos: Gladstone Barreto

Um comentário:

  1. Diga SIM à CPI da CET
    No final de fevereiro o Vereador SP Adilson Amadeu protocolou pedido de CPI da CET p/ apurar exatamente o que a empresa mista CET vem fazendo, vai fazer para melhorar o tráfego em nossa cidade e como está sendo aplicado o dinheiro arrecadado com as multas de trânsito. Agora o Vereador lançou via internet um abaixo-assinado eletrônico através do qual todos que se sintam prejudicados pela companhia possam apoiar a criação dessa comissão de investigação. Para isso basta acessar http://migre.me/439wG ou buscar na internet: CPI da CET.


    19/03/2011 - 07h35
    CET suspende licitação que tinha edital "clonado"
    JOSÉ BENEDITO DA SILVA DE SÃO PAULO
    A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo suspendeu uma licitação de publicidade com valor recorde -R$ 12 milhões em um ano- porque o edital era cópia quase integral de uma concorrência de 2007.
    A suspensão ocorreu após a Folha questionar a semelhança entre os editais. A licitação, aberta no último dia 12, era para campanhas de educação para o trânsito em rádios, TVs e jornais.
    Até a campanha sugerida pela CET "para fins de julgamento da proposta técnica" era a mesma de 2007.
    É com base na formulação feita pela CET que as empresas iriam elaborar, "a título de demonstração de sua capacidade criativa", 15 peças publicitárias para avaliação.
    As agências que participaram da licitação de 2007, porém, não só conhecem a campanha proposta como apresentaram, com base nela, peças avaliadas pela CET. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/891030-cet-suspende-licitacao-que-tinha-edital-clonado.shtml

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