3 de ago. de 2009

DE CÁ PARA LÁ, BALANGANDO

Povos de São Paulo, tribos do mundo

Por Nei Schimada

1.
Nei Schimada Ontem, fechei o domingo ouvindo Dorival Caymmi, já madrugadinha - uma musiquinha de nada - como eu acho que ele diria sorrindo de leste a oeste naquela cara maravilhosa.
Quem não tem balangandã não vai ao Bonfim, ele diz.
O must da coisa foi saber que balangandã é o mesmo que berenguendem.
O presidente da União Européia, o tcheco Vlacav Keys, pediu o fim da pena de morte no Japão.
No ultimo dia 28 de julho, três condenados foram enforcados, todos entre 25 e 41 anos, condenados por duplo e triplo homicídio.
A lei japonesa dá o direito ao ministério da justiça de executar sem aviso prévio, o que foi o caso.
A maioria das pessoas no mundo são a favor da pena de morte e contra o aborto.
É só uma constatação.
Assisti Dvds da Betty Boop e Gato Felix, ambos dos anos 30, coloridos, daqueles que passavam em cinema, aos pingos, semanalmente.
Produtos encontrados em lojas de 100 yen, o equivalente ao R$ 1,99 do Brasil.
Massa mesmo é a trilha sonora, as big bands por trás das onomatopéias.
No extinto Cine República, havia uma sessão aos domingos só com Tom & Jerry da fase Chuck Jones.
Acho que foram as minhas primeiras gargalhadas no coletivo.

2.
Com a crise financeira mundial afetando todo o mundo e, fatalmente, os brasileiros que vivem no Japão, alguns resolveram voltar ao Brasil e outros estão preparando as malas.

Outro dia estava visitando um amigo que trabalha numa empresa prestadora de serviços aos brasileiros e ele narrou o que tinha acontecido no balcão da empresa minutos antes da minha chegada:

“Veio o pai, a mãe e quatro filhos, três em idade escolar e um no colo. O pai veio ver as seis passagens para o Brasil. Claro, ficou um absurdo de caro. Mas ele disse que estava faltando mandar as cópias dos seis passaportes para o Ministério do Bem Estar Social japonês, para eles liberarem o dinheiro das passagens. O cara perguntou se eu não podia fazer as cópias, pois ele não tinha 240 yen (quase 5 reais) para pagar as copias no 7 Eleven”.

O governo japonês criou esse plano de ajuda aos trabalhadores brasileiros e peruanos, dando o equivalente a quase R$ 6 mil por pessoa da família para ajuda de custo da passagem e uma pequena quantia para reiniciar a vida no seus respectivos países. Poucos estão usando deste artifício para voltar para casa porque ao usar desse plano de ajuda, a pessoa perde o visto de trabalho, tendo que readquiri-lo no consulado japonês no Brasil ou Peru, o que já não era fácil antes da crise, imagine agora.

Os que estão indo embora, vão por conta própria e assim não perdem o visto de trabalho e, de certa forma, o vínculo com uma possibilidade de reinício de vida no Japão depois da onda de desemprego passar. Mas estão deixando rastros. macacossabios

Muitos carros zeros, que foram comprados e financiados por brasileiros, foram abandonados nos estacionamentos dos aeroportos, todos com a chave na ignição por causa do desemprego. Carros usados, velhos, seminovos também. Alguns apartamentos abandonados com toda a mobília e a chave na porta.

Ao lado do meu prédio há um estacionamento usado pelas famílias que possuem mais de um carro. Há um carro com uma estampa em verde e amarelo escrita “BRASIL” na traseira e há meses que ele não sai do lugar.

Hoje um japonês me interpelou, sabendo que eu sou brasileiro, muito polidamente, se eu conhecia o dono do veiculo. Eu disse, também mui polidamente, não, me desculpe.

É claro que eu sei de quem é o carro, sempre nos cumprimentamos informalmente. E sei que o cara sumiu da vizinhança. E também é evidente que o japonês sabe que eu sei. Mas nas invisíveis e mudas regras de vizinhança japonesa, imperam os famosos três macaquinhos que não enxergam, não ouvem e não falam.

Até vir um cara, estrangeiro ou não, e não pagar o aluguel da vaga.

Nei Schimada, 43, punk, poeta e dekassegui, escreve de Hamamatsu shi - Japão. É blogueiro da Estrovenga dos Corsários Efêmeros.

Leia mais do Nei Schimada em:
NA PRÓXIMA QUARTA E OUTRAS DA SEMANA
AMIGOS, OS DISCOS, OS VINHOS – OS CARAS IMORTAIS
BOM BOM
A CORRIDA DE SÃO SILVRESTRE – OBSCURAS ORIGENS
TEM ESSA E OUTRAS PIORES
PAULISTANO QUE É PAULISTANO NÃO CHORA
ROBERTOS, CARLOS
TODO IMIGRANTE É A PULGA ATRÁS DA ORELHA

6 comentários:

  1. Armando Buzoni Ferreira4 de agosto de 2009 às 21:59

    Ta feio o negocio em...E vc que é louco por SP não vai voltar...né!

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  2. A coisa ta feia mesmo! Fora dai meu rapaz...Com toda confusão do mundo o Brasil promete...

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  3. Marcio de Carli Mathias5 de agosto de 2009 às 19:10

    E melhor pedir esmolas aí do que na terra do Sir Ney

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  4. Caro Armando: Nao sou louco por SP. Ja fui. Cidades grandes me cansam, me deixam sem ar. Tokyo, Osaka, Nagoya, todas muito praticas e cheias de novidades como SP, mas nao troco pelos gritos das cigarras, nesse momento, a plenos pulmoes, no pequeno bosque do templo xintoista, meu vizinho, na janela dessa sala aqui.

    Caro Frank: A coisa ta feia e eh em todo lugar. O lance eh que a imprensa prefere falar do nao-rebolado da Madonna na Russia ou da eterna questao do nosso Senado e seus mandantes.
    O Brasil maquia bem, todos maquiam bem. Mas o Brasil promete, sempre promete.

    Abracos a todos.

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  5. Milton Manoel Veloso6 de agosto de 2009 às 15:11

    Ué então porque todo este papo de SP escreve no Japão URGENTE rsrs...

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  6. Milton Manoel:

    Sim, porque esse papo de escrever aqui e nao no JP Urgente?

    Abracos!

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