9 de nov. de 2009

KING KONG DE APOSTILA E O MICO ACADÊMICO

Povos de São Paulo, tribos do mundo

Por Nei Schimada

Não sou ecológico como deveria ser, mas fico indignado diante de barbáries que aCena do filme contecem em zoológicos com jaulas imundas e pequenas demais para a vida (sobrevida?) de alguns animais lá instalados.

Elefantes que vivem em florestas indianas pra lá e pra cá, nômades, gordos e felizes, ganham um espaço menor que um campo de futebol. Claro que é para facilitar a quem pagou o ingresso para ir visitá-los.

Mas sou ecológico o suficiente para não jogar nada, nem cuspir chiclete pela janela do carro e para selecionar o lixo daqui de casa.

Lembro do filme “Medicine Man” (1992), com Sean Connery. Ele faz o papel de um cientista que se embrenha no meio da floresta amazônica e fez a descoberta do câncer. Qualquer câncer. O problema é que ele não consegue reproduzir em laboratório a química da tal flor que só cresce a trinta metros do solo no topo de uma específica árvore. Depois ele descobre que o importante mesmo não é a flor, mas o inseto que mora no interior dela. Então, chega um pecuarista e bota fogo em tudo. Correm ele, sua assistente e a tribo toda para o meio do imensamente tudo atrás de outra específica árvore, com a mesma flor e o tal insetinho cujo cocô freia as células mutantes do nosso corpo.

Fico pensando nos gorilas e orangotangos que morrem para perder apenas as mãos por serem iguarias caras no prato de gente muito, mas muito esquisita e com gosto duvidoso com uma travessa contendo uma mão de gorila e algumas batatas assadas ao redor. Molho madeira. Ou os tigres que morrem na China para que moam o pênis do felino para virar um pó mágico para outros pênis tristes e cabisbaixos que acreditam na milenar medicina chinesa de cobras, ervas, pedras, pênis e insetos em contrapartida à famosa pílula azul.

Pior mesmo é a situação dos bichos nas mãos dos cientistas. Até mesmo dos criadores da famosa pílula azul. Durante os experimentos, alguns macacos devem ter ficado eretos e excitados por horas e um cientista – pervertido – olhando para a jaula com um cronômetro na mão.

Há alguns dias, alguns desses símios com o cérebro na ponta do membro em estudo, escaparam e espalharam-se pelos corredores e salas de uma faculdade de um grande centro urbano e a mídia toda registrou.

Todos os discentes bugios em bandos resfolegaram, ganiram, correram, bateram as mãos no peito e gritaram diante da fêmea alfa que estava apenas mais fêmea que nos outros dias. Há o registro de um deles subindo pelas paredes.

Todo mundo sabe disso, assistiu, discutiu, opinou, riu.

Como é mais fácil lidar com a perda de uma e não de setecentas mensalidades, a tal faculdade do grande centro urbano resolveu expulsar a moça. Na contabilidade dos cifrões (evidentemente necessários) o pragmatismo impera sem titubeio. Mas na civilidade não.

O exemplo dado pela tal instituição de ensino, cultura e educação ecoa e ecoara pelos corredores locais como os gritos bestiais de alguns exemplares dos podres primatas de uma elite machista masturbatória, individualista e infeliz.

Meu medo é que esse fato estudantil e essa atitude institucional tornem-se corriqueiros e recorrentes, por isso volto dias depois e falo tudo de novo, não por moralismo beato e cristão, mas por defesa da condição humana, pura e simples. Como se, em contrapartida, não bastassem as burcas afegãs ou as metralhadoras vendidas como picolés nas fronteiras do cone sul.

Não foi por receio de retaliações que não citei o nome da faculdade. Mas por nojo.

Também acho que deve ter um monte de gente bacana e bem intencionada por lá. Aproveitem, fim de ano, bom período para transferências.

Olha o curríNei Schimadaculo...
Nei Schimada, 43, punk, poeta e dekassegui, escreve de Hamamatsu shi - Japão. É blogueiro da Estrovenga dos Corsários Efêmeros. Leia mais em:
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DA AVENIDA IPIRANGA À PEQUENA BENÇÃO PELAS COLHEITAS
A SEGUNDA NUNCA SERÁ A PRIMEIRA
IDIOMAS, IPSIS LITTERIS
DE CÁ PRA LÁ, BALANGANDO
NA PRÓXIMA QUARTA E OUTRAS DA SEMANA
AMIGOS, OS DISCOS, OS VINHOS – OS CARAS IMORTAIS
BOM BOM
A CORRIDA DE SÃO SILVRESTRE – OBSCURAS ORIGENS
TEM ESSA E OUTRAS PIORES
PAULISTANO QUE É PAULISTANO NÃO CHORA
ROBERTOS, CARLOS
TODO IMIGRANTE É A PULGA ATRÁS DA ORELHA

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Um comentário:

  1. Grande Shimada!!! Curtí muito esta tua "facada ecológica", muito mesmo! Sabe, fiquei pensando e cheguei à conclusão que "não dá prá confiar no julgamento de marmanjos que, em pleno século XXI, ainda fazem questão absoluta de justificar o uso de paletó e gravata num país com as fortes temperaturas como o nosso e, também, em "marmanjas" que ainda acham maravilhoso andar por aí de salto 10, todas emperequetadas e coisa e tal - tudo isso prá justificar o injustificável: um falso moralismo secular imbecil e sem conteúdo de coerência! Afinal, quem está certo: o homem ou o macaco??? Um forte abraço prá tí, Shimada.

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